17/06/11
" Morte em Veneza
No azul da inquietação"
Morrer entre os canais
De quanto imaginar
A elegância da ponte
Por alagar de amor
Que só quer - existindo
Na fixação do olhar
Uma réstia de horizonte
A música de um maestro
Na miopia do desejo
Misturando o azul das águas
Nas lentes de criar o beijo
E só depois
(Desfalecer sob as pontes)
Desesperando
Na tinta de escurecer
De negrejar os cabelos
Em desalinho
Na chuva em fio-corrente
Moldando o rosto da-dor
Deambulando
Entre o favor de S. Marcos
E os esconsos sem magia
Onde mijaram os gatos
No canto de um corre-dor
Ao luar da travessia
Ana Maria Puga in "Quando as Palavras Começam a Escrever", Editora Labirinto,
Fafe, 2011, p 53.
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