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"Meu amor, dá-me o mapa da tua alma"
Meu amor, dá-me o mapa da tua alma,
a mim que não sei senão perder-me
nos labirintos do teu corpo, em aceso desejo.
Percorro-te, de lés-a-lés, beijo-te
lambo-te, peço-te que me ames com fúria
e depois lentamente, baralho-te,
e avanço como uma amazona sobre ti,
mas é no teu olhar que a minha fúria se desvanece,
como se um gesto teu, apenas,
soubesse aplacar-me esta fome
que trago de ti, sempre, em mim.
Seguras-me o rosto, abraças-me
e eu estremeço. Às vezes não é do prazer,
é desse gesto antigo onde me revejo
nos teus olhos, onde pressinto que cheguei.
Ao centro do labirinto, onde vislumbro o teu verdadeiro rosto.
Maria João Cantinho in "O Traço do Anjo", Edium Editores, Porto, 2011, p 45.
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