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"Sina"
Quem mais ouvirá,
nesta fria manhã,
a voz incessante do vento?
Quem mais,
além dos cães que uivam
entrecortando o canto,
e das palmeiras que, ao som do mesmo canto,
dançam?
Talvez o gato
que dorme na varanda,
se a voz do vento
alcançar os longes de seu sono
como me alcançou
neste sábado
em que pretendia dormir
a manhã inteira
( e não ser acordada pela voz
da ventania de um poema).
Sônia Barros in "Mezzo Vôo", Nankin Editorial, São Paulo, 2007, 34.
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