26/06/11

" quantas vezes te sei aqui e não te vejo "

.
 "Poema 10"

quantas vezes me despeço de ti
sem saber

onde vais

quantas vezes me despeço de ti
sem saber a razão
sem saber de tua mão
sem saber

quantas vezes sem saber
me levanto ao bater da porta
do soalho no passo breve  curto  certo

te procuro nas gavetas
em sombras atrás dos muros
em sombras que o vento traz
com ramos a bater nas vidraças

quantas vezes te sei aqui e não te vejo

me despeço de ti
e não o quero
me despeço de ti
e não te peço

fica

para acalentar meu desassossego

  Inez Andrade Paes in "Paredes Abertas ao Céu", Edição da Autora, s/c., 2010, p 34.
.