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Fizera arquitectura em Sevilha e no Canadá
Viera ter aqui para te fazer ciúme,
Criatura vibrátil,
Modelava o riso oriental com réguas
Finas, lisas, transparentes,
E recriava as casas com mãos breves de cera
E muita, requintada submissão.
Trazia sempre à luz o seu perfil elástico
Confundido nas falas dobrava-se em silêncio.
Foram meses de ouro para mim que não te ouvia
Desdobrado em amores também australianos.
Tens que aceitar-me as costas, e só, com a dor
Arrefecendo-me os flancos
Na tua intimidade que já nem recalcitra.
Seishu parou de aparecer voou para Nova Iorque
Talvez Hamburgo lhe gele agora o reticente cabelo.
Como iria eu saber que já não tinhas pátria
Quando os olhos de flecha meio cerrada
Me fitavam de longe, fotográficos?
Na praia do Meco ou nesse altar do desejo
Erguido sobre o mar enraivecido
Como colunas brancas e pedras amarelas de tabaco
Pernas e dentes sitiavam-me o corpo.
Seishu, um nome simples
Que articulava, em coro, uma inteira panóplia
De pequenos gestos e pássaros
Um tecido de luxo, decisivo e tão puro
A envolver-lhe as nádegas.
E tanta espuma risonha e tanto bem saber
Na tua boca fresca.
Eu já não te sentia no meu espaço
Não te exaltes
A memória enaltece os nomes concubinos.
Tu não estavas no sangue, tolhido na garagem estranha
O teu corpo esfriava
No vazio.
Armando Silva Carvalho In "O Amante Japonês, Assírio & Alvim,
Lisboa, 2008, pp 40-41.
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