07/10/09


           "  Poema  18  "


Neste voo de escrever-te um poema
um poema que falasse
dos rios ocultos
com cestas de astros e corais
que falasse das flautas de sol
polindo a tarde
e de picaretas de luz
que do peito à boca me ressoam

Um poema com peixes verde-prata
vindo à tona entre os juncos e as palavras
e onde os sapos surpreendidos em seus saltos
deixassem os gritos suspensos
nos cabelos das algas
com regatos de permeio

Um poema que tivesse também
um longuíssimo solo de violino
com todos os mundos que para ti inventei...
- Neste voo de escrever-te um poema
que não sei...

 
Mateus, Victor Oliveira. Movimento de Ninguém. Lisboa: 1999, p 30.
.
.
.