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" Desespero "
É sempre inverno aqui,
nas páginas deste caderno com três folhas de
trevo.
O galo canta, nos meus baldios.
Despertam os sonhadores e os cães.
Um homem caminha,
com um fardo de erva e canas, na direcção das
montanhas.
Uma densa nuvem cresce,
pouco a pouco,
sobre as campas lavadas pela chuva, onde ele
se deita,
voltado para baixo.
E eu, que vejo tudo isto,
não encontro as palavras certas para o desespero.
José Agostinho Baptista in " Filho Pródigo ", Assírio & Alvim, Lisboa, Lisboa, 2008, p 92.
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