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" Tempo "
Talvez um bálsamo ignorado se derramasse
sobre a sua cicatriz.
Como um perfume,
como o toque subtil de dois dedos exangues.
Ao voltar à direita,
a caminho do guindaste,
sabia que o esperava uma barca sem remos,
e mais para cima havia um alpendre, com
trepadeiras que subiam.
Era isto o que o tempo fazia:
recomeçar, eternamente, um trabalho de oficinas
lentas.
Enredar no peito roseiras queimadas pela
estação das trevas.
E assim ia,
deambulando pelos campos,
com um archote inútil, que o vento, apagava.
José Agostinho Baptista in " Filho Pródigo ", Assírio & Alvim, Lisboa, 2008, 48.
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