24/01/12

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 " Poema da Perfeita Vindima "


Ainda é tempo de vindima
sobre os ombros da montanha.
Os cestos de vime trazem
a dor manuscrita e a gama
de intenções. A vindima
espia quem vem olhar, solícito
vou voltar à vida, carrego
uma dorna de desejo e dores
uno as mãos para não corar.
Agora a vindima elástica
multiplica o gládio das abelhas
e esse cheiro das canções.
As uvas doces do vale te esperam
excitam a paz sem as pequenas
máscaras e os enganos ásperos de velar.
Bendita seja a vindima outra vez
sobre a amada montanha.
As imóveis tinas são poços
em volta da noite finda e funda
o vento é vinho, a luta é árdua.
Decerto para não chorar
as parreiras se aproximam
para florir tuas mãos.

  Oscar Bertholdo in " Molho de Chaves ", EDUCS - Editª da Univ. de Caxias do Sul,
Caxias do Sul, 2001, p 132.
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