30/05/08




no olhar dos peixes as águas
são tranquilas, réstias de fogo
invadem a certeza do meu partir
no reflexo dos arrozais,
onde o chapinhar das abelhas vai prateando
de alfazema a folhagem inquieta.

no olhar dos peixes um barulho
de asas assustadas, um zumbido
triste por eu não poder voltar
aí, onde a noite, revestida
de conchas opalinas, não atiça já
a vastidão da memória resistente
no subtil olhar dos peixes...

Victor Oliveira Mateus, poema 2 In "Movimento
de Ninguém", Lisboa, 1999.

( Nota - este poema foi gentilmente
gravado em C.D. pela actriz Hermínia Tojal.)