05/05/08
Nas dunas mais douradas próximas do mar
descobri tua morada. Mas te ausentaras.
Olhei barcos de pesca marinheiros ao sol
não estavas lá. Entre os que puxavam redes
e escolhiam peixes por qualidade e tamanho
também não estavas. Indaguei ninguém sabia teu nome
riam do embaraço com que eu buscava descrever-te.
Ninguém vira alguém assim. Esperei junto à duna
as horas passavam descuidadas e nada sabiam
de ti. No céu as primeiras estrelas assomaram
e riam do meu rosto desfeito de cansaço.
Vasculhei desesperada o antro em que te abrigas
vi sinais tão vagos: marcas de pés descalços
um vasilhame intacto e vestes brancas.
Nada parecia usado pela vida. Tua coleção
de conchas nacaradas teu chapéu de algas
te denunciavam.
Existes ó ausente ou és somente quem buscamos
numa realidade arisca e improvável?
Dora Ferreira da Silva, In "Poemas da Estrangeira"