22/05/08
(Nota - não tenho, neste momento, nem o título
deste soneto, nem o nome do livro a que pertence,
mas mesmo assim...)
Hei de morrer em ti, nesse teu corpo estranho
Num espanto feroz, feito de febre e fúria,
Feliz pelo que tive, amante enquanto dure
A alta fonte do amor e seu limpo rebanho.
A tua alma assassina assistirá, contente,
A um sonho agonizante e por si só perdido
E, sonho do meu sonho, esse fim terá sido
Nada de verdadeiro, o falso de quem sente.
Morrerei nos teus olhos, morrerei nas memórias
Do teu mundo cabal, cadafalso de histórias,
Rupturas, padrões, fábulas, ossos, chifres.
Sentirás o meu peso, isso que não sentiste
Senão como um olhar, talvez mau, talvez triste.
Serei por fim em ti, para que me decifres.
Renata Pallottini