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e Adri Overbeeke), foto de Mario Hooglander/ 1992
há um resto de ti no arvoredo
quando o dia desprende a solidão
quando digo frenético e descanso
os meus olhos na sombra da restinga
há um resto de ti que encontro a medo
no imenso abat-jour de gaze branca
sobre a lâmpada rosa do relâmpago
onde as nossas imagens se concentram
há um resto de ti neste fulgor
de ritual de coxas e de línguas
entre dunas de sol e de lianas
há um resto de ti que me não cansa
por ser sombra e ser fundo e ser tecido
de cicatriz contínua entreaberta
Olga Gonçalves, In "só de amor"