05/03/12

A problemática da avaliação da personalidade: os diferentes métodos.

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Um dos maiores problemas da avaliação da personalidade reside, sem sombra de dúvida, no facto de, mesmo na actualidade, não existir um método único adoptado por todos os psicólogos. Por outras palavras, quando o psicólogo tem de avaliar a personalidade, pode basear-se em diferentes instrumentos, sendo que as suas escolhas orientarão as conclusões de modo significativo. Este ponto semeia de forma preponderante a confusão, não se prestando à harmonização. Convém dizer, como veremos mais tarde, que o erro radica no facto de não existir um modelo da personalidade unânime entre os psicólogos da personalidade, para além de cada modelo preconizar a utilização de determinado teste, em detrimento de outro: cada teoria recorre a um teste específico.
Apesar da diversidade dos instrumentos escolhidos, pode dizer-se que a avaliação da personalidade se faz, principalmente, segundo dois modelos. O primeiro baseia-se na observação, podendo assumir diferentes formas. Por vezes, um observador pode emitir um juízo sobre alguém, mesmo sem se ter cruzado com a pessoa. Efectivamente, acontece-nos a todos emitirmos uma opinião sobre alguém, apenas com base em informações recolhidas através de outrem. Em determinadas situações, os juízos baseiam-se em rigorosas observações do comportamento, como, por exemplo, no número de vezes que o indivíduo tamborila com os dedos numa mesa, ou ainda no seu batimento cardíaco, para se inferir sobre o respectivo estado de nervosismo. Nestes casos a observação é real e baseada em parâmetros previamente definidos. Noutras situações, o observador deduz, por intermédio de uma série de sinais subjectivos, se o sujeito observado se encontra relaxado ou, pelo contrário, nervoso. Os observadores podem ainda avaliar a personalidade de um indivíduo que conheçam bem, preenchendo diferentes itens de uma escala de avaliação, como se verifica no caso de crianças ou de doentes psiquiátricos graves. Com frequência, pede-se aos pais para preencherem questionários destinados a avaliar a personalidade ou o temperamento dos seus filhos, em virtude de estes serem ainda demasiado jovens para se avaliarem a si próprios. Graças a estas observações pudemos afirmar que os temperamentos observados em crianças de tenra idade estavam correlacionados com a sua personalidade, na idade adulta. Por fim, existem instrumentos designados por entrevistas semiestruturadas, nas quais o observador coloca questões padronizadas aos indivíduos; a forma como estes lhes respondem determina o modo como a entrevista se desenrolará, bem como a informação que daí se retira.
A segunda forma de avaliar a personalidade, e de longe a mais corrente, consiste nos testes de personalidade. Existem duas categorias diferentes: os testes projectivos e os testes objectivos. Os primeiros consistem na apresentação aos sujeitos de um material ambíguo e pouco estruturado, que dá livre curso à imaginação e que, consequentemente, origina inúmeras respostas. O princípio geral é o seguinte: como o material é ambíguo, o indivíduo projecta-se nele, abandonando uma parte do seu inconsciente.
O teste mais célebre desta categoria é(...): o teste de Rorschach.
(...) Os segundos testes utilizados para avaliar a personalidade - os testes objectivos - consistem em pedir aos sujeitos que preencham eles próprios questionários de personalidade. Nestes questionários, os sujeitos devem indicar de que modo pensam, como se comportam em determinadas situações, de que forma julgam certas acções e de que modo reagem habitualmente a diferentes coisas.

    Hansenne, Michel. Psicologia da Personalidade. Lisboa: CLIMEPSI Editores, 2004, pp 61 - 64.
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