16/02/09


havia cinco macieiras, com folhas escuras e troncos da cor do carvão,
e uma nascente com um fio de água salgada, a vir do fundo da terra.

o botão da luz do sol estava desligado naquele lugar e a criança teve
medo de cair

eu caio, eu caio.
nunca se cai do céu para a terra
a terra tem lugares mais altos do que uma criança pode imaginar.
eu já caí do céu para o mar e também da terra para a terra, e tu, quem és?
eu sou a sombra da montanha e sou o vento a querer assustar uma menina.
o vestido parecia um balão cheio de ar e uma macieira partiu um galho.

a criança ficou com um susto grande porque as sombras não têm olhos
para se verem.

Isabel Aguiar Barcelos In "nunca se regressa ao mesmo lugar", Quasi Edições,
V. N. Famalicão, 2003, p 36.
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