.
ESTÁS PARA ALÉM
de ti,
.
para além de ti
está o teu destino,
.
de olhos brancos, fugido a
um cântico, algo se aproxima dele,
que ajuda
a arrancar a língua,
também ao meio-dia, lá fora.
.
.
PROJECTADO
na via de esmeralda,
.
buraco de larva, buraco de estrela, com todas
as quilhas
procuro-te,
Sem-fundo.
.
.
TODAS AS FORMAS DO SONO, cristalinas,
que assumiste
na sombra da linguagem,
.
a elas
conduzo eu o meu sangue,
.
os versos de imagens, a esses
vou albergá-los
nas veias cortadas
do meu conhecimento -
.
o meu luto, bem vejo,
corre para ti.
.
.
A MIM que me afogo
atiras-me com ouro:
talvez um peixe
se deixe subornar.
.
.
PEQUENA NOITE: quando me
levares, levares
lá para cima,
três palmos de sofrimento sobre
o solo:
.
todos os casacos mortuários de areia,
todos os inúteis,
tudo o que por lá ainda
ri
com a língua -
(...)
.
Paul Celan in "Sete Rosas Mais Tarde - Antologia Poética", Edições Cotovia, Lisboa,
1996, pp 175 - 177 ( Tradução de Yvette K. Centeno e João Barrento).
.
Nota: o texto acima transcrito é um excerto de um dos últimos livros de Paul Celan: "A Cerca do Tempo".
.
Mostrar mensagens com a etiqueta Paul Celan. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Paul Celan. Mostrar todas as mensagens
21/09/10
20/09/10
.
"Salmo"
Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
ninguém animará pela palavra o nosso pó.
Ninguém.
Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir.
Em direcção
a ti.
Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém.
Com
o estilete claro-de-alma,
o estame ermo-de-céu,
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho.
Paul Celan in "Sete Rosas Mais Tarde", Edições Cotovia, Lisboa, 1996,
pp 103 - 105 (Tradução de Yvette K. Centeno e João Barrento).
.
"Salmo"
Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
ninguém animará pela palavra o nosso pó.
Ninguém.
Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir.
Em direcção
a ti.
Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém.
Com
o estilete claro-de-alma,
o estame ermo-de-céu,
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho.
Paul Celan in "Sete Rosas Mais Tarde", Edições Cotovia, Lisboa, 1996,
pp 103 - 105 (Tradução de Yvette K. Centeno e João Barrento).
.
17/09/10
.
"Elogio da Distância"
Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.
Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:
Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.
Na fonte dos teus olhos
ando à deriva sonhando o rapto.
Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.
Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.
Paul Celan in "Sete Rosas Mais Tarde", Edições Cotovia, Lisboa, 1996,
p 13 (Tradução de Yvette K. Centeno e João Barrento).
.
"Elogio da Distância"
Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.
Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:
Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.
Na fonte dos teus olhos
ando à deriva sonhando o rapto.
Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.
Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.
Paul Celan in "Sete Rosas Mais Tarde", Edições Cotovia, Lisboa, 1996,
p 13 (Tradução de Yvette K. Centeno e João Barrento).
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)