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23/03/11

" Compraste o meu amor/ Com o vinho dos antigos "

Paula Tavares, Silvya Montarroyos e Victor Oliveira Mateus
na Universidade Clássica de Lisboa no dia 21 de Março de 2011.
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Compraste o meu amor
Com o vinho dos antigos
Sedas da Índia
anéis de vidro

Sou tua, meu senhor
À segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
E também preparo funje aos sábados
Não não me peças o domingo
Todos os deuses descansam
E sei também das concubinas
O horário de serviço

Paula Tavares in "Como veias finas na terra", Editorial Caminho, Alfragide, 2010, p 35.
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10/03/11

" P'ra ti guardei/ Coisas simples como estar à espera "


Flor de farinha/ fêmea de gado miúdo/
/oferta queimada/ no altar do mundo
(palavras de Juliana enquanto amassava o pão)
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Quantas coisas do amor
P'ra ti guardei
Coisas simples como estar à espera
Manter o pão quente
Deixar o vinho abrir-se
Em mil sabores
Guardei-me das tentações
das sombras do desejo
das vozes
dos segredos
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seria muito pedir-te
que me veles o sono
só mais uma vez.
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Paula Tavares in "Como Veias Finas na Terra", Editorial Caminho,
Alfragide, 2010, p 18.
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15/02/11

" Frio como a água do rio "

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Frio frio frio
Frio como a água do rio
Procuro
O escorpião azul
Que me comeu as entranhas.
O homem que saltou da janela
Deixou sementes no choco
E o coração
Frio frio frio
Frio como a pedra
No rio.

Paula Tavares in "Manual para Amantes Desesperados", Editorial Caminho,
Lisboa, 2007, p 28.
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14/02/11

"Mas foi no chão que deixei a marca do meu corpo "

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Devia olhar o rei
Mas foi o escravo que chegou
Para me semear o corpo de erva rasteira

Devia sentar-me na cadeira ao lado do rei
Mas foi no chão que deixei a marca do meu corpo

Penteei-me para o rei
Mas foi ao escravo que dei as tranças do meu cabelo

O escravo era novo
Tinha um corpo perfeito
As mãos feitas para a taça dos meus seios

Devia olhar o rei
Mas baixei a cabeça
Doce terna
Diante do escravo.
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Paula Tavares in "Manual Para Amantes Desesperados", Editorial Caminho,
Lisboa, 2007, p 14.
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