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I
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Pouco a pouco aprendi
o perigo das renúncias demasiado rápidas.
Pouco a pouco fui antecipando a mácula que se contém
no outro lado de uma jura
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I (A)
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Na vitrina de um antiquário
distingui imitações sob a força da emoção.
Entrei, pedi a máscara
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II
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O ler no branco glacial e liso é feito de recomeços,
progressos e muita paciência.
Digamos que é uma cura lenta, mas não precária.
Dolorosa, sim.
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Tento espaçar as crises
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II (A)
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Sem o confessar, durante esses períodos de disciplina
os sentires surgem-me apenas como sintomas
que se vão comunicando à alma
até que de um novo ponto de partida
surjam em grau de tentação
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II (B)
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Só por essa razão as sombras perdem o seu embaciado
porque atrás de uma ideia vem outra
e a alma desembaraça-se do corpo como de um vício
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II (C)
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Renovam-se as inocências sem o peso dos remorsos
que se prolongaram no tempo excessivos
face a extraordinárias insignificâncias
Teresa Vieira in "Escritos Sobre a Pele", Dinalivro, Lisboa, 2005, pp 77 - 78.
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24/07/10
21/05/10
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"Emaranhado"
Muitas vezes
Já se sabe
Que se joga na inanidade do Jogo
O que não nos abriga de todas as aflições.
Por vezes,
Procuram-se as forças iniciais
Julgando-as como não aprisionadas
E o consciente segreda-nos (prudentemente)
A não gritar
Alto
O desamparo.
Teresa Vieira in "De Nada Novo", Dinalivro, Lisboa, 1996, p 40.
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"Emaranhado"
Muitas vezes
Já se sabe
Que se joga na inanidade do Jogo
O que não nos abriga de todas as aflições.
Por vezes,
Procuram-se as forças iniciais
Julgando-as como não aprisionadas
E o consciente segreda-nos (prudentemente)
A não gritar
Alto
O desamparo.
Teresa Vieira in "De Nada Novo", Dinalivro, Lisboa, 1996, p 40.
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09/01/10
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"Cintilações"
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Um dia espreitei Alexandre o Grande. Ele sabia do seu posto de vigia
que mundos eu espreitava e que ele unira como uma tribo que em
comum afinal possuía a religiosidade.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e senti o quanto ele se separou
dos seres intermédios na busca do significado armilar dos mundos
com vocação de abraço.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e entendi um especial
significado sagrado e simbólico de matar para entreabrir portas
como quem oferece o beijo quente do êxtase inaugural de um conhecer.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e toquei o início dos caminhos
dos grandes sistemas que explicam o que se prescreve e se permite e o
quanto a história nos fala também num tom piedoso e repreensivo
como quem nos diz que afinal, um dia, não se pode evitar fazer de
outra maneira e só na caça cumprimos os vestígiosdo nascimento do
homem, sempre que o homem não mate apenas para obter a presa.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e ciumei o seu perceptor
Aristóteles e a sua Macedónia e o seu ímpeto de unir impérios e
fundar Alexandria onde hoje procuro uma vez mais o Livro.
Um dia espreitei Alexandre o Grande aquele que expandiu o
helenismo também rumo ao Oriente, aquele que erigiu Bucéfala no
actual Paquistão, em memória do seu fidelíssimo cavalo que se
assustava com a própria sombra e se deixou domar contra o Sol:
cintilações.
Um dia espreitei e escutei Alexandre o Grande através do Somewhere
in Time, disco da banda inglesa Iron Maiden e creio ter intuído o
Helesponto, a actual Dardanelos, estreito na vida de cada um com o
grande passo por dar.
Um dia, eu quero espreitar cada um a desembainhar a espada com a
qual cortará o nó górdio que impede a revelação das múltiplas
verdades, esse que impede a alma do ofício do entendimento, e sem
nunca revelar o mistério completo, eu quero espreitar a grande
nobreza a prometer-se de novo no Ano que chega, a despedir-se do
ano que finda e a cumprir-se na notícia do tempo que todos os seres
vivos têm a mudança.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e soube disso na caça de uma
palavra explicativa do... Que sabias realmente?
Teresa Vieira (Inédito, 27/12/2009)
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"Cintilações"
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Um dia espreitei Alexandre o Grande. Ele sabia do seu posto de vigia
que mundos eu espreitava e que ele unira como uma tribo que em
comum afinal possuía a religiosidade.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e senti o quanto ele se separou
dos seres intermédios na busca do significado armilar dos mundos
com vocação de abraço.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e entendi um especial
significado sagrado e simbólico de matar para entreabrir portas
como quem oferece o beijo quente do êxtase inaugural de um conhecer.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e toquei o início dos caminhos
dos grandes sistemas que explicam o que se prescreve e se permite e o
quanto a história nos fala também num tom piedoso e repreensivo
como quem nos diz que afinal, um dia, não se pode evitar fazer de
outra maneira e só na caça cumprimos os vestígiosdo nascimento do
homem, sempre que o homem não mate apenas para obter a presa.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e ciumei o seu perceptor
Aristóteles e a sua Macedónia e o seu ímpeto de unir impérios e
fundar Alexandria onde hoje procuro uma vez mais o Livro.
Um dia espreitei Alexandre o Grande aquele que expandiu o
helenismo também rumo ao Oriente, aquele que erigiu Bucéfala no
actual Paquistão, em memória do seu fidelíssimo cavalo que se
assustava com a própria sombra e se deixou domar contra o Sol:
cintilações.
Um dia espreitei e escutei Alexandre o Grande através do Somewhere
in Time, disco da banda inglesa Iron Maiden e creio ter intuído o
Helesponto, a actual Dardanelos, estreito na vida de cada um com o
grande passo por dar.
Um dia, eu quero espreitar cada um a desembainhar a espada com a
qual cortará o nó górdio que impede a revelação das múltiplas
verdades, esse que impede a alma do ofício do entendimento, e sem
nunca revelar o mistério completo, eu quero espreitar a grande
nobreza a prometer-se de novo no Ano que chega, a despedir-se do
ano que finda e a cumprir-se na notícia do tempo que todos os seres
vivos têm a mudança.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e soube disso na caça de uma
palavra explicativa do... Que sabias realmente?
Teresa Vieira (Inédito, 27/12/2009)
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05/01/09

"África, mulher - mãe de consistência"
África
Que o teu criador não te fez à semelhança de nada
África
Generoso enigma da razão solta
Quando antes da partida já meu corpo se quedava
África
Meu ciclo de esperança
Minha sedutora ladra que me roubaste de mim
Para me levares às essências
África
Renovadora incessante do desejo
Extensão sólida, miragem real
Com que critério viver-te?
África
Minha emergência de reconciliação
Meu grande olhar iniciático
Às tuas formas adiro e descalça
Obedeço ao teu pulsar
África
Meu coração central
Tua receita secreta
Aventura de mim a ti a erguer-se do nada
África
Meu frágil dormir
Quando teus sons próximos e longínquos
Me dão a ilusão do silêncio
Enquanto os bichos homens, bichos mulheres
E bichos por superioridade
Feitiçam tuas noites e fortes cheiros
Ai! África mulher-mãe de consistência
Tua lei, minha morte satisfeita
África
Sem intervalo
Melodia lavrada à extensão de perder de vista
Iluminura na bíblia dos meus dias
E sempre novas maravilhas atiçam
Danças de alquimia ao fogo
OH! África
Conclusão do meu destino
Recorte do meu corpo
Espírito exposto ao tempo próprio
Começo sem limites onde já descanso meu cansaço
África
Das cores fortes com nome
Ser tua amante sob as luas
É saciar minha avidez chamada mundo
OH! África
Das trovoadas que rebentam em partos de vida
Universidade inesgotável de saberes
Deixa que enfim
por mim mesma
Evoque o imperativo de me aceitares
Um pouco
tua.
Teresa Vieira (Inédito - 1999?)
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