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13/08/13

Em 2009 Ildásio Tavares deslocou-se a Portugal para assisitir ao lançamento do seu livro "As Flores do Caos" publicado pela Editora Labirinto.


       " Soneto do Desejo "


Amor só nasce e vive do Desejo.
   Nenhum Amor a outro Amor obriga:
   não há o que se faça ou que se diga
   que contrarie a força do Desejo.
Desejo logo existo. E assim emerjo.
   Mas se outro coração ao meu não liga,
   a coisa amada torna-se inimiga -
   Amor é sempre fruto do Desejo.
Planta carnívora é Amor. Querer
   imóvel que confunde o coração
   e desdenha o querer de outro querer.
Insensato gatilho da paixão:
   lucidez que comanda o enlouquecer
   Desejo és o tirano da razão.


  Tavares, Ildásio. As Flores do Caos. Fafe: Editora Labirinto, 2009, p 45.
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01/11/10

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      "Soneto Dominical"


Já não me aflige mais a pasmaceira
do domingo. Meus filhos mundo afora
e eu em casa pensando. A vida inteira
ensina-me a ser só. Não é agora

que eu hei-de reclamar. Segunda-feira
há-de chegar. Há-de chegar a hora
em que se apague a chama derradeira;
em que a vida me diga: vá-se embora.

Tudo tão natural. A árvore morta
já não abriga pássaros nos ramos
que, pouco a pouco, vão caindo ao chão.

Amei mal as mulheres. Mais amamos
nós mesmos, nosso ofício. Pouco importa
a vida; este domingo; a solidão.

Ildásio Tavares in "As Flores do Caos", Editora Labirinto, Fafe, 2009, p 31.
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30/07/09




"Soneto das Sombras das Moças em Flor"


Aonde estão as moças que floriam
a primavera azul de Itapuã
desabrochando os corpos que vendiam
na incerteza que mancha o amanhã?

Aonde estão estas meninas? Mora
nas árvores a chuva, o vento, o frio:
o inverno se assentou de vez agora;
pouca lembrança há-se restar do estio -

Só uma nesga de sol que se insinua
sobre as mesas de plástico molhadas;
só uma réstia de vida veste a rua:

os raros transeuntes nas calçadas.
Neste deserto, sob um céu sem cor,
procuro as sombras das moças em flor.


Ildásio Tavares In "As Flores do Caos", Editª Labirinto, Fafe, 2009,
p 33 ( Prefácio de Casimiro de Brito).


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