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11/12/12


 
40
 
 
O meu coração
freme no meu peito e no peito
da magnólia
 
 
41
 
 
Pesa-me nos ombros
o pó dos caminhos
que não percorri
 
 
42
 
Frente ao mar
o meu coração adolescente
pede-me que salte
 
 
43
 
Silêncio. Ouçam
a vida - água correndo
cada vez mais triste
 
 
44
 
Um grão de carne
fenecendo - irmão das rãs
e dos planetas
 
 
      Brito, Casimiro de. A Boca na Fonte. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2012, p 16.
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10/12/12

 
 
3
 
 
Olhas a montanha.
Em paz. O grande combate
parece imóvel
 
 
4
 
 
Em tudo há velhice
e nascimento - um pé repousa,
outro caminha
 
 
 
5
 
 
Vejo o que já vi
antes - um corpo ondulante
que vem de longe
 
 
 
6
 
 
Na prosa do dia
a rosa alumia. Que prosa
se tudo é rosa?
 
 
 
          Brito, Casimiro de. A Boca na Fonte. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2012, p 8.
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06/01/09

 
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O desejo é um desastre que se vai
acumulando silencioso à sombra
de oliveiras interiores. Arte lenta,
essa que vem de longe: o ofício das ondas,
a sedução do corpo pelas rotinas do dia,
e tudo canta.
O corpo vazio, em Delfos, foi abrigo
das estrelas; um lugar invisível onde,
sendo cego, me deixei banhar em águas
primeiras. Para tudo ver. E vi o tormento,
mais amplo do que o desejo: e desejei morrer,
e morri, nas tuas sedas mais íntimas.
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Casimiro de Brito, In "Livro das Quedas" (Fragmento VIII do Poema 55),
Roma Editora, Lisboa, 2005, p 75.
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