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04/03/13


      " Victor Oliveira Mateus "

De ti nascem os esboços do que escrevo agora
nestas linhas pautadas pelo vazio do branco
onde rasuro ideias que custam perícia e tempo
na incerteza da morfologia destas palavras
que respiram e regurgitam num só movimento.

Também são tuas estas frases órfãs de saber
inspiradas num instante de alucinação pagã
mas livres dos preconceitos irracionais da razão
que as dilacera e corrompe a cada sílaba
numa dança válsica que foge à compreensão.

Não negues a paternidade destas estrofes
cujas rimas furtivas se eclipsaram à nascença
deixando um simples discurso incoerente
de alguém que necessita escrever algures
todos os poemas que o papel recusa albergar.

São teus os versos que aqui vêm descansar
depois de correrem as estradas da criação
numa alucinante viagem sem destino prévio
mas com indomável vontade de se juntarem
e no fim gritar as dores de terem sido paridas.

 Lomelino, Emanuel. Poetas Que Sou. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim, 2013, p 85.
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 "  Paula  Tavares  "


Voltaram a ouvir-se os cânticos
lamentosos das mães chorosas.
Os tambores anunciam prantos
e os rostos ganham serenidade.
O uivo da noite ilumina os sentidos
e a morte já tem as mãos cheias.
O cheiro a óleo de palma permanece
e as palavras são pérolas raras.
Prepara com carinho esse funje
porque no sábado temos visitas.

 Lomelino, Emanuel. Poetas Que sou. Póvoa de Santa Iria: Lus de Marfim, 2013, p 52.
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