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19/11/12

   "  - de novo, as trevas   "     
     
 
há restos incompletos     ossos que
fazem pressupor os labirintos da fome
consagrados nos textos de um templo
que perdeu no tempo qualquer semelhança
com o tolerado     sim     porque nada se tem
por igual e
o modo como o peixe se vende ao desbarato
da crença faz.nos antever idênticos simulacros
com diferentes trajes
.cansados em tons de calmaria tremem os
castos como se a incúria os tivesse transposto a um
cântico maior ou excelso
. circunscritos ao nada     com nada se comprazem
.antes assim     porque da intolerância
dos senhores do nada rezam (apenas)
os vermes que se incorporam sob a epiderme e
na derme deixam sulcos de má memória
 
 
martins, gabriela rocha. as luvas de um aprendiz (in)conformista. S/c.: Corpos Editora, 2012, p 58.
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27/05/10


" - o contra senso "
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dizem que os poetas
descem as escadas argênteas e sabem.se a par e
passo
com os astros que gravitam
na placidez do afago de uma mão
dizem que
se movem em passos uniformes ditados pela lei da
gravidade
como as estrelas cujas constelações se igualam no
brilho e
se atraem na dança cúmplice do verbo
quais formigas que estabelecem comunicações
utilizando as antenas para conspirar
são pequenas partículas de um campo minado
onde as deusas e os demiurgos gostam de copular
ninguém se divide por zero -
afirmam os matemáticos
- quem sou eu para os desmentir?
um argopoeta que entra na dança para contradizer
os deuses
um contra senso
um arrepio exponencial que
tange a harpa de Thales
.
em silentes acordes
concebidos a um ritmo incerto e numa só dimensão
.
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Gabriela Rocha Martins in "Livro de Cabeceira", IV Bienal de Poesia de Silves, 2010.
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Nota - As minhas desculpas à Gabriela, mas não me foi possível
colocar à direita o 1º e o 6º versos, tal como ela tem no original.
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