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27/01/12

" porque os poemas que escrevo são/ lugares incertos onde ninguém viverá "

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Esta mão que escreve e que não é minha
foi amputada por um deus ou por uma deusa
É mentira quando dizem que todas as estradas
dão a Roma
as minhas terminam num deserto
sem que eu perceba o seu verdadeiro nome
A língua gangrenada soletra o apelido
do segundo filho de Jeová
porque os poemas que escrevo são
lugares incertos onde ninguém viverá

  Luís Aguiar in " Desarrumação do Frio ", Edª Labirinto, Fafe, 2011, p 59.
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" assim na terra como nos múltiplos céus "

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São antigas as memórias que se deitaram
no meu sangue
Entendo um desconhecido romance de Joyce
que encontrei numa tabacaria
O leite frio dos teus olhos
desfez o amor em gotas   as tuas mãos desenham
o labirinto da minha errância
Ouve-me   pára de comer
quando te for em demasia a fome
e seja feita toda a vossa vontade
assim na terra como nos múltiplos céus

  Luís Aguiar in " Desarrumação do Frio ", Edª Labirinto, Fafe, 2011, p 57.
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