27/01/12

" porque os poemas que escrevo são/ lugares incertos onde ninguém viverá "

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Esta mão que escreve e que não é minha
foi amputada por um deus ou por uma deusa
É mentira quando dizem que todas as estradas
dão a Roma
as minhas terminam num deserto
sem que eu perceba o seu verdadeiro nome
A língua gangrenada soletra o apelido
do segundo filho de Jeová
porque os poemas que escrevo são
lugares incertos onde ninguém viverá

  Luís Aguiar in " Desarrumação do Frio ", Edª Labirinto, Fafe, 2011, p 59.
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