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23/08/11


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perdi-me em funduras de juntas
perdi bichos nas moitas, rastros no escuro
perdi mormaços, brisas
fui gerando meu pisado vagaroso
nas fracturas das coisas

  Vera Lúcia de Oliveira In "Entre as junturas dos ossos", Ministério da Educação,
Brasília, 2006, p 18.
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Ler é viajar, é viver mais intensamente, viver em dobro. Porque além da vida que está dentro de nós, há a vida que estamos seguindo nas páginas de um livro. Vamos ficando mais conscientes pela leitura, acho que até mais intensos e belos. Ler significa ver, abrir-se ao mundo, ter curiosidade e interesse por tudo. (...) A leitura torna mais vasto o mundo de quem lê. Também desperta a sua imaginação e você ganha condições de aprender e desenvolver seu senso crítico e cultural. Quanto mais livros você ler, mais aumenta o prazer de ler, mais alegrias você terá com a leitura. Com isso, todos ganham, você, a sua família, a sua comunidade e a sociedade em que você vive.

 Vera Lúcia de Oliveira (excerto de uma entrevista) in "Entre as junturas dos ossos", Ministério
da Educação, Brasília, 2006, pp 63 - 64.
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15/05/11


      " O osso"


tinha uma delicadeza feminina
amava com seu jeito silencioso
de cão que fica aguardando um osso
depois deu para morder a sombra
da memória, deu para sofrer
por alguma coisa que lhe faltava
não sabia bem quando a perdera
mas foi por isso que desandou
a rosnar para o mundo

  Vera Lúcia de Oliveira in "A poesia é um estado de transe", Portal Editora,
São Paulo, 2010, p 21.
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   " O pedido "


chamou a família
vocês nunca me entenderam
vocês nunca ouviram o moinho dentro
ralando um milho sem piedade que era
a minha alma, a minha espera, a minha
vontade de ser amado, vocês não souberam
ver o que atrás da minha fala mansa eu pedia
o que vocês acham que eu estava pedindo?
o que vocês acham que eu vivi pedindo?

  Vera Lúcia de Oliveira in "A poesia é um estado de transe", Portal Editora, São Paulo,
2010, p 47.
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     "O caminho"


disse que precisava fazer o caminho de novo
entrar no útero crescer lá dentro
que precisava rasgar a carne de novo
gemer a fome cuspir a raiva
de ter sido gerado não do jeito
que ele tinha sonhado mas do jeito
que o tinham feito

 Vera Lúcia de Oliveira in "A poesia é um estado de transe", Portal Editora,
São Paulo, 2010, p 48.
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24/04/08




     "No ônibus"


dormia no ônibus
a cada parada o corpo se sacudia
ele abria os olhos via a gente que entrava
via a gente que saía pensava fosse
outro aquela moça aquele rapaz
tinha outra história começava de novo
morava noutro canto da cidade
cochilava com aquele sonho
de ser qualquer outra pessoa do mundo
menos ele mesmo

Vera Lúcia de Oliveira, In "No Coração da Boca"