30/05/13

 
 
  " Tão triste como um terno azul-marinho... "
 
 
 
Tão triste como um terno azul-marinho
como coçar as costas numa árvore
razante de urubu
cio dos gatos
besouro virado de costas
 
planta que não pegou
piruá
rompimento
 
aquela tristeza de namoro na Internet
ir ao aeroporto
e não partir
 
triste como uma tarde de domingo
depois do jogo
ressaca de vinho-do-porto
porto
 
tão triste como ter amado
e agora perceber
que não era preciso
que foi inoportuno
que ninguém se importou
 
tão triste como um touro
na arena
lembrando o pasto
uma galinha humilde coberta pelo galo
 
triste como gaiola
triste como ser tolo
 
 
  Pallottini, Renata. Um Calafrio Diário. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002, pp 94 - 95.
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