10/10/09

"É pouco tudo o que eu vejo "

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Da margem esquerda da vida
Parte uma ponte que vai
Só até meio, perdida
Num halo vago, que atrai.

É pouco tudo o que eu vejo,
Mas basta, por ser metade,
P'ra que eu me afogue em desejo
Aquém do mar da vontade.

Da outra margem, direita,
A ponte parte também.
Quem sabe se alguém ma espreita?
Não a atravessa ninguém.

Reinaldo Ferreira In "Poemas", Vega, Lisboa, 1998, p 151 (Com um estudo de
José Régio sobre esta obra e Prefácio de Guilherme de Melo).
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