09/11/09



"Una casa pintada de blanco con el horizonte al fondo"


La casa abierta a la amplitud del blanco. La casa
donde cada noche se descierran las ventanas
con sus huellas de amargura, sus umbrales
divididos entre el resplandor del desierto y la brisa
siempre dócil del Mediterraneo. La casa
rodada de calles estrechas. De callejones. Pero también

de puertas abiertas a las retorcidas formas
de los olivos, a las flores de los almendros
en pleno estio y hasta a las manos límpidas
de los vecinos, si a ellas vienen inundados de pájaros
o de madrugadas - por fin tan posibles. Una casa
indivisa, una, con sus patios de vides,

sus tejados repletos de cielo en la circular migración
de las garzas. En fin, una casa toda de blanco pintada
mas allá de los precipícios y la tierra calcinada. Espacio
oliendo a vida, donde un nuevo lenguaje se inscriba
con caracteres de luz en el pacificado corazon de los hombres.

Victor Oliveira Mateus In "Versos para derribar muros - Antologia poética por Palestina"
(Edición y prólogo: Ana Patricia Santaella e Inmaculada Calderón), Los Libros de Umsaloua,
Sevilla, 2009, p 222 (Tradução para o castelhano de Sónia Serrano).
.
.
Versão Portuguesa:
.
"Uma casa pintada de branco com o horizonte ao fundo"

A casa aberta à vastidão do branco. A casa
onde à noite as janelas se descobrem
com suas pegadas de mágoa, suas soleiras
divididas entre o clarão do deserto e a brisa
sempre mansa do Mediterrâneo. A casa
cercada de ruas estreitas. De becos. Mas também

de portas escancaradas para as formas retorcidas
das oliveiras, para as flores das amendoeiras
em pleno estio e até para as mãos límpidas
dos vizinhos, se a elas vierem inundados de pássaros
ou de madrugadas - afinal tão possíveis. Uma casa
indivisa, una, com seus quintais de videiras,

seus telhados cheios de céu na circular migração
das garças. Enfim, uma casa toda de branco pintada
para além dos precipícios e da terra calcinada. Espaço
cheirando a vida, onde uma nova linguagem se inscreva
com caracteres de luz no pacificado coração dos homens.

Victor Oliveira Mateus (obra citada acima, pp 148 - 149)
.
.
.