08/02/10

"não, não tragas a alma,/ animal sempre volátil"

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deixarei as luzes acesas
para que saibas o caminho
de regresso ao meu corpo,
não, não tragas a alma,
animal sempre volátil,
perfume fútil.
sacrifica antes uma onda
antes da noite,
um milagre para migrar
com outras aves daninhas,
vem, dá-me o fruto e a semente,
aquele lugar no corpo
onde a fonte cresce ao ar
e a nudez se faz mais pura.

João de Mancelos in "Línguas de Fogo", MinervaCoimbra,
Coimbra, 2001, p 50.
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