07/02/10

"o teu nome entrelaçado/ nos meus dedos..."

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"prece do mareante à estrela aldebaran"

aldebaran, ilha de luz,
peixe voador à entrada da noite,
bendita sejas entre as aves incendiadas
e abençoado o naufrágio do teu lume.
como o sal foi feito para os lábios,
como o oceano teme a terra,
como um rio regressa à estrela,
é dentro de ti, aldebaran,
que eu atravesso o fim da noite.
e cego, cego de tanto mar,
eu, ulisses, adormeço,
uma gaivota morta em pleno voo,
o teu nome entrelaçado
nos meus dedos, aldebaran,
sonhando ilhas por dizer.

João de Mancelos in "Línguas de Fogo", MinervaCoimbra, Coimbra, 2001, p 28.
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