31/10/11

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 " Naufrágios "

    ( para Victor Oliveira Mateus )


Às margens do Tejo
naufrago o tédio de existir

À beira do meu tédio
um Tejo que me recolhe

Caos à deriva,
dissidente embarcação apascentando delírios,
meu olhar medieval navega numa solidão atlântica

Nau sem bússola
desconhecendo a legenda dos mares
desembarco numa infância pagã
ancorada num cais sem metafísica

No dorso veloz do passado
não posso mais cavalgar

  Ronaldo Cagiano in " O sol nas feridas ", Dobra Editorial, São Paulo, 2011, p 135.
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