31/05/11


" O Brinquedo do Céu"


o tecto azul sob si tem vários brinquedos intocáveis
imagens que o olhar concentra no seu poço de admiração
todo um quadro de paletas esbatidas e carregadas de ar em movimento
o vento que conduz as nuvens e agita os braços das ventoinhas do parque eólico

as nuvens de um azul imposto de cinzento
colocam-se entre feixes de outras que são rastos de aviões que não passaram
mas poderiam

debate-se agora a perspectiva com a evolução do quadro
tudo passa e só a lembrança pode reformular a passagem do tempo
só importa fixar o momento em que tudo passa
pois tudo passa e não adianta agarrar o instante
fica a memória do real avião que feliz atravessa seguro o centro da perspectiva
aérea praia completa do momento ido
onde todo o movimento se espraia ao sabor do vento
e nada nunca é como foi há instantes

 António José Borges in Revista "O Escritor" Nº 24/25, A.P.E., Lisboa, Dezembro 2009.
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